Soltura de Lula vira disputa na esquerda e implode a Lava Jato

O ex-presidente Lula, mesmo injustamente preso há 540 dias, causa confusão entre aliados e adversários políticos. Também não seria diferente acerca dos procedimentos de sua iminente soltura.

Comecemos pela esquerda, mormente pelo PT. No partido há as seguintes torcidas:

1- aquela que quer a soltura de Lula imediatamente, independentemente do impacto eleitoral;

2- outra acredita que Lula só poderia deixar a prisão depois de conseguir o “diploma de inocente”, isto é, a anulação da sentença no STF;

3- a que defende a progressão do ex-presidente para o semiaberto e, nessa situação, ele recorreria para anular a sentença do ex-juiz Sérgio Moro; e

4- Lula sendo obrigado a ir para o semiaberto, com tornozeleira, quebraria a restritiva de direito (saindo da área de monitoramento) e voltaria à prisão até anular a sentença de Moro.

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A questão da soltura do ex-presidente Lula gera uma disputa saudável na esquerda, pois [quase] todos sabem do papel do petista no resgate do Estado Democrático de Direito. Também há, aí, um ponto de estratégia eleitoral: se Lula aceitar a progressão para o semiaberto, em tese, aceitaria a pena e subsistiria sua inelegibilidade em 2022.

O fato é que, querendo ou não, a progressão da pena é um direito indisponível. O apenado é literalmente colocado para fora do presídio, mesmo a contragosto.

Diante disso tudo, o que chama a atenção é a implosão da Lava Jato. A força-tarefa vai se desfazendo, levantando acampamento, com o intuito de não deixar vestígios de seus crimes. Assumiu feição de partido político e, agora, luta para emplacar o ex-juiz Sérgio Moro como candidato à Presidência da República.

Num eventual confronto Bolsonaro x Lula x Moro, necessariamente, havia a polarização entre o petista e um dos dois (Moro ou Bolsonaro). Por isso bolsonaristas e lavajatistas já estão se “matando” em praça pública. A disputa deles é para saber quem irá para o segundo turno contra o ex-presidente.