Marielle Franco volta a assombrar clã Bolsonaro

O caso Marielle Franco voltou a assombrar o clã Bolsonaro com a decisão do STF, nesta quinta-feira (28), de permitir o compartilhamento pela Receita Federal de dados fiscais e bancários com o Ministério Público e órgãos de investigação.

No caso do assassinato de Marielle e seu motorista Anderson Gomes, em março de 2018, a Polícia Civil do Rio vai retomar as investigações sobre o patrimônio de Ronnie Lessa, policial militar reformado acusado de matar a vereadora.

Um relatório do então Coaf apontou, sete meses depois do atentado, que Ronnie depositou R$ 100 mil na própria conta.

O depósito foi feito no dia 9 de outubro de 2018 — sete meses depois do crime — numa agência do Itaú na Barra da Tijuca.

A Polícia Civil do Rio vai retomar o fio da meada sobre a suspeita de um terceiro elemento dentro do carro que saíram os disparos que mataram a vereadora Marielle Franco.

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O jornalista Luis Nassif avalia que a intenção dos assassinos da ex-vereadora do Rio Marielle Franco era:

1. Desmoralizar a intervenção militar e provocar comoção popular;

2. Após a eleição de Wilson Witzel, com intenções de ser candidato a presidente, “ficou claro que seu trunfo era o controle das investigações sobre a morte de Marielle”;

3. Primeiro acabou com a Secretaria de Segurança, que era o órgão para controle político dos policiais. Em seu lugar, criou a Secretaria de Estado da Polícia Militar e a Secretaria de Estado da Polícia Civil;

4. Com as mudanças, tirou os Secretários do alcance das Forças Armadas. Foi a primeira razão. A segunda razão foi a de blindar-se nas negociações políticas com as milícias – que têm enorme influência eleitoral nas regiões controladas;

5. A articulação do poder das milícias não passa mais pelo Palácio da Guanabara; e

6. Fica dentro das corporações policiais. São os secretários que operam o poder, e não o governador diretamente. Milícia é assunto de polícia. Sai da zona de risco político. Com esse movimento, o poder da milícia vai se fundindo cada vez mais com a própria estrutura de Estado.

A delegada Patrícia Alemany, diretora do Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro, a retomada da investigação é importante para ajudar a identificar se houve um mandante do crime.

Ronnie Lessa morava na casa registrada com os números 65 e 66 no Condomínio Vivendas da Barra, onde o presidente Jair Bolsonaro tem um imóvel, a casa 58.