Já foi dito aqui no Blog do Esmael, várias vezes, que uma hipotética candidatura do ex-presidente Lula (PT) ajudaria o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no projeto de reeleição, mas a ausência do petista no pleito acabaria com o sonho presidencial do ministro Sérgio Moro.
Pois é nesse contexto eleitoral de 2022 que se move a força-tarefa Lava Jato. Um partido político disfarçado de justiceiro que combate a corrupção, etc., como demostrou as reportagens da Vaza Jato.
Nesta semana de Natal, a Polícia Federal do Paraná indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sob suspeita de corrupção passiva (SIC) e suposta lavagem de dinheiro com repasses de R$ 4 milhões ao Instituto Lula pela empreiteira Odebrecht.
Ocorre que a tipificação “corrupção passiva” só é possível quando o agente é funcionário público, que comete crime contra a administração. As investigações são referentes ao ano de 2015, portanto Lula já não era presidente da República e o inquérito é inepto para prosseguir. Um simples habeas corpus seria suficiente para trancar essa aberração.
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No caso concreto, o indiciamento de Lula parece ser mais um panfleto de propaganda política pró-Moro do que efetivamente uma investigação séria contra o petista. Não resistiria ao crivo de um “juiz de garantias”, por exemplo
O indiciamento da PF, no entanto, não significa que o atual juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Luiz Antônio Bonat, irá receber e processar a denúncia.
Moro tenta manter-se no noticiário político porque é candidatíssimo à sucessão do presidente Jair Bolsonaro. Esses novos factoides tem o fito de criar uma cortina de fumaça para sua derrota no pacote anticrime, que, por sua causa, estabeleceu a criação do juízo de garantia nos casos penais. Além disso, a presença de Lula numa eleição presidencial teria para o ex-juiz o mesmo efeito que tem o alho para o Drácula.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.