Olavo de Carvalho leva ‘punheta ideológica’ para TV do MEC

A TV Escola, ligada ao Ministério da Educação (MEC), iniciou nesta segunda-feira (9) a exibição de uma série sobre a história do Brasil com visão ideológica de extrema-direita e de caráter ultrareacionário. A série “Brasil: A Última Cruzada” foi produzida pelo grupo Brasil Paralelo e promove uma narrativa primária e falsificada da história do Brasil, com base em teses toscas e inverdades desenvolvidas pelo jornalista Olavo de Carvalho.

Em 31 de março deste ano, data do golpe militar, a produtora (de propriedade de militantes da extrema-direita) lançou “1964: O Brasil entre Armas e Livros”, documentário que justifica a derrubada do presidente João Goulart como um movimento de reação a uma real ameaça comunista – é consenso entre historiadores que essa ameaça real nunca existiu.

A série, segundo a TV Escola, faz parte da nova programação do canal. A TV Escola é gerida pela Associação Roquette Pinto com recursos públicos repassados pelo MEC. No ano passado, a Roquette Pinto recebeu R$ 73 milhões do MEC. Além de gerenciar a TV Escola, a associação também é responsável TV Ines, canal voltado a surdos, e pela Cinemateca.

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No documentário, aparecem entrevistas de conhecidos militantes da extrema-direita neofascista vinculados ao governo Bolsonaro como o próprio Olavo de Carvalho, o historiador Jorge Caldeira, o deputado monarquista Luiz Philippe, José Carlos Sepúlveda, intitulado discípulo de Plínio Corrêa de Oliveira (líder da TFP, a Tradição, Família e Propriedade), o delegado, católico e autor de livros jurídicos Rafael Vitola, o licenciado em história Thomas Giulliano Ferreira dos Santos, que escreveu um livro em que critica Paulo Freire, o blogueiro bolsonarista Percival Puggina e ainda Rafael Nogueira, aluno de Olavo, consultor do documentário e recentemente nomeado para a a presidência da Biblioteca Nacional.

A exibição do documentário em uma TV do MEC reflete o grau de aparelhamento ideológico do governo Bolsonaro nas áreas da Educação e da Cultura. A presença de Olavo de Carvalho nas telas é um risco à saúde mental dos professores, das crianças e adolescentes, com o seu linguajar chulo e vulgar é a consagração da “punheta ideológica” nos programas educacionais do Ministério da Educação.