Tic-tac: Vaza Jato já funga no cangote da Globo

A Globo poderá ser alvo da próxima reportagem da Vaza Jato, que, nesta sexta-feira (20), traz o modus operandi da força-tarefa em relação a jornalistas aliados.

A Folha de S. Paulo deu hoje o que se pode chamar de “tiro de advertência”: o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, possuía um index com 68 nomes de jornalistas, os quais alimentava seletivamente.

O relato do jornalista Ricardo Balthazar tem como base sua experiência própria e os arquivos de conversas no Telegram, entre procuradores, juiz e assessores de comunicação, obtidos pelo site The Intercept Brasil.

A Folha protegeu o nome dos profissionais de imprensa, mas o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, fundador do Intercept, parece não querer afrouxar para a poderosa Rede Globo.

A emissora dos Marinho foi a maior beneficiária dos vazamentos da Lava Jato nos últimos cinco anos. E é sobre isso que o Intercept e outros veículos de comunicação estão debruçados neste fim de ano.

“As mensagens documentam pelo menos duas ocasiões em que, após levantar o sigilo dos autos de um processo, Sergio Moro segurou a divulgação da chave numérica para permitir que os procuradores a fornecessem primeiro a repórteres de sua escolha, que assim teriam acesso à informação antes de outros veículos”, diz o texto de Balthazar.

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Não precisa ser expert em Lava Jato e mídia para saber que Moro privilegiou a turma da Globo. Segundo Glenn, há fartos materiais sobre isso.

Em julho, por exemplo, o responsável pela Vaza Jato denunciou pelo Twitter a seletividade do jornalismo das Organizações Globo, que esconde as maracutaias de Sérgio Moro e da força tarefa Lava Jato.

Glenn Greenwald também afirmou em agosto que o Jornal Nacional e TV Globo lucravam alto com a Lava Jato.

Há um mês, em novembro, reportagem do Intercept e da Folha confirmaram que grampos telefônicos da força-tarefa Lava Jato tiveram o objetivo de derrubar o governo da presidenta Dilma Rousseff e prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que liderava as pesquisas na eleição presidencial de 2018.

Foi a Globo quem deu o furo do grampo com direito de transmissão ao vivo, nas vésperas do impeachment [golpe] de 2016.

Eis a história que Glenn Greenwald deverá trazer esmiuçadamente à tona nos próximos capítulos da Vaza Jato.