Ex-funcionário da empresa Yacows, Hans River afirmou ter trabalhado durante o período eleitoral de 2018 com a disseminação em massa de conteúdos nas redes sociais utilizando, inclusive, CPFs de pessoas idosas para cadastramento de chips de telefonia celular.
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Durante seu depoimento, Hans voltou atrás em informações dadas anteriormente em entrevista concedida à Folha de S. Paulo e chegou a dizer que a jornalista Patrícia Campos Melo havia conseguido as informações sem seu consentimento.
“Ele [Hans] agrediu reputações de pessoas que não estavam aqui e sequer podiam se defender. No momento adequado o depoente deve retornar à CPI, quando estivermos de posse da comprovação [de que mentiu], ou não, nas informações que deu”, disse o senador.
A relatora da CPMI, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), solicitou ao presidente do colegiado, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), a votação de requerimento solicitando a representação do depoente junto ao Ministério Público Federal (MPF) por falso testemunho.
“Ontem após nossa oitiva houve uma manifestação oficial da jornalista que foi, aqui, atacada e contestou as acusações feitas pelo depoente. Isso constitui, no mínimo, uma possibilidade de falso testemunho”, disse a deputada.
O senador Ângelo Coronel informou que a jornalista foi convidada para depor na CPI já na próxima terça-feira (18).
Reportagem de Patrícia Campos Melo publicada em 2 de dezembro do ano passado revelou que empresas de envio de mensagens em massa pelo WhatsApp, dentre elas a Yacows, recorreram ao uso fraudulento de nome e CPF de idosos para registrar chips de celular.
Ele afirmou para a jornalista da Folha de S. Paulo que as empresas usaram nomes de CPFs e datas de nascimento de pessoas na faixa dos 65 a 86 anos, nascidas entre 1932 a 1953, e que ignoravam o uso de seus dados para cadastrar chips de celulares.
A matéria ressalta que, no último dia 25 de novembro, Hans River voltou atrás e pediu para a Folha retirar seus depoimentos das publicações. A solicitação foi feita, após fazer um acordo com a antiga empregadora, registrado no processo. “Pensei melhor, estou pedindo pra você retirar tudo que falei até agora, não contem mais comigo” disse em mensagem de texto para o jornal.
Após a ampla repercussão do ataque de Hans River contra a jornalista da Folha de S. Paulo nas páginas de extrema-direita e a repercussão entre os parlamentares bolsonaristas, o líder do PT no Senado, senador Rogério Carvalho (SE), afirmou que a CPMI se tornou alvo dos mesmos ataques aos quais o colegiado se propôs a investigar.
“É inaceitável a atuação criminosa das milícias virtuais. Tentam por meio de Fake News intimidar o poder de investigação do parlamento. Esse país não é terra sem leis”, criticou o senador.
Conselho de Ética
O senador Humberto Costa também afirmou que o deputado Filipe Barros (PSL-PR) será denunciado junto ao Conselho de Ética por conta de informações divulgadas pelo UOL de que ele aparece como administrador de grupos de Whatsapp responsáveis por compartilhamento de notícias falsas e ataques coordenados contra parlamentares e membros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Isso é algo completamente incompatível com o decoro parlamentar. Por isso, estamos entrando com uma representação junto ao Conselho de Ética contra, pelo menos, o parlamentar [Filipe Barros] que faz parte desta CPI e é um dos administradores desse grupo”, explicou.
A matéria também cita o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP) como administrador de grupos também responsáveis pela disseminação desse conteúdo. Tadeu participou do colegiado até o final do ano passado.
Solidariedade à jornalista agredida
O senador Jaques Wagner (PT-BA) também manifestou apoio à jornalista da Folha de São Paulo. “Meu apoio e solidariedade à jornalista Patrícia Campos Mello, alvo de acusações mentirosas na CPI das Fake News, na terça -feira dia 11. Todo o trabalho jornalistico deve ser respeitado pois é garantido pela Constituição”, disse o senador.
“Sei o quanto é difícil a cobertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). Já estive no front da cobertura política e investigativa de uma cpi. Sei o quanto é necessário esforço coletivo para garantir a liberdade de imprensa e as condições de trabalho do jornalista que atua na busca de fatos e que também acaba por dever de ofício fazendo investigações”, afirmou o senador.
As informações são do PT no Senado.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.