Bolsonaro descumpre ordem judicial e não apresenta resultado de exame para Covid-19

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não cumpriu a ordem judicial de apresentar o resultado do exame para Covid-19, nesta quinta (30), o que aumentou nas redes sociais os rumores de que ele testou positivo para a doença.

Na segunda-feira (27), o Estadão garantiu o direito de obter os testes de covid-19 feitos pelo presidente Jair Bolsonaro. Por decisão da juíza Ana Lúcia Petri Betto, a União teve um prazo de 48 horas para fornecer “os laudos de todos os exames” feitos pelo presidente da República.

“Repise-se que ‘todo poder emana do povo'(art. 1º, parágrafo único, da CF/88), de modo que os mandantes do poder têm o direito de serem informados quanto ao real estado de saúde do representante eleito”, decidiu a magistrada.

Porém, na manhã desta quinta, em frente ao Palácio do Alvorada, Bolsonaro afirmou que iria recorrer da decisão porque estava se sentindo violentado pela invasão de privacidade.

“A AGU (Advocacia-Geral da União) deve ter recorrido. E, se nós perdermos o recurso, daí vai ser apresentado. E vou me sentir violentado. A lei vale para o presidente e mais humilde cidadão brasileiro”, disse.

A falta de transparência de Bolsonaro fez surgir nesta tarde a hashtag #QueroVerOsExames no Twitter.

Economia

“Bolsonaro admitiu que usou nome codificado pra fazer o teste de Coronavírus. O único teste feito na data, e com nome codificado é de Brilhante Ustra, que por sinal, é ídolo do energumeno, e deu positivo. Se confirmar, a casa cai…”, diz um perfil na rede social.

Por outro lado, o Estadão informou que pediu hoje à Justiça Federal de São Paulo uma apuração de descumprimento de ordem judicial, após a Advocacia-Geral da União (AGU) não encaminhar os “laudos de todos os exames” do novo coronavírus feitos pelo presidente Jair Bolsonaro.

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Bolsonaro afirma que não irá renovar a concessão da Rede Globo em 2022; assista

A existência da Rede Globo pode ter entrado em contagem regressiva, se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) levar a cabo a ameaça de não renovar a concessão para o funcionamento da emissora, em 2022.

“Globo lixo. Lixo, não, que dá para reciclar. Se não tiver com a contabilidade certinha, em 2022, não terá a concessão renovada”, ameaçou o presidente. “Não vou dar dinheiro a vocês, Globo. Não tem dinheiro para vocês”, completou.

Bolsonaro estava particularmente irritado com a decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Moraes barrou monocraticamente a nomeação do diretor-geral da Polícia Federal, Alexandre Ramagem, alegando que o delegado é amigo da família Bolsonaro.

Na decisão liminar do STF, Moraes sustentou que a relação entre os dois [Bolsonaro e Ramagem] é um dos argumentos no veto à nomeação, pois, segundo entendimento parcial, estaria em desacordo com o princípio da impessoalidade, fundamental ao serviço público.

Ramagem foi chefe de segurança pessoal de Bolsonaro na campanha de 2018, depois de o então candidato sofrer o atentado a facada em Juiz de Fora (MG).

“Conheci ele um dia depois do segundo turno [da eleição em 2018] porque a PF resolveu trocar alguns de seus delegados, achava que eu, como presidente eleito, deveria ter um cuidado mais especial do que vinha tendo”, disse o presidente.

“Como é que o senhor Alexandre de Moraes foi para o Supremo? Amizade com o senhor Michel Temer. Ou não foi?”, contra-atacou Bolsonaro, na manhã de hoje, pouco antes de viajar a Porto Alegre, onde cumprirá agenda oficial. Para o presidente, a amizade entre os agentes pública “não justifica a questão da impessoalidade”.