Coronavírus lota hospitais e gera colapso funerário em Belém

Em Belém, profissionais de saúde relatam a falta de leitos de UTI com respiradores, de testes e a saturação do sistema hospitalar. Além do colapso do sistema funerário na cidade. Todos os 125 leitos de UTI, os 1.118 de enfermaria e 90 leitos de observação estão ocupados – 95% são pacientes com suspeita ou confirmação de contaminação pelo novo coronavírus.

‌O número de mortes por Covid-19 no Pará aumentou 222% em uma semana, e saltou de 95, no dia 25 de abril, para 306 neste sábado (2). O crescimento é muito superior à média nacional de 68% registrada no mesmo período, conforme dados do Ministério da Saúde.

Neste sábado, a Secretaria de Saúde do estado do Pará (Sespa) confirmou a morte de mais 10 pessoas infectadas pelo coronavírus no Pará. Além dos óbitos, mais 101 casos de pacientes foram identificados, somando 3460 infectados pela Covid-19 no Estado. Mas há claros indícios de que haja uma grande subnotificações de mortes e casos.

Na porta do IML, uma tenda foi armada na parte de fora do prédio para atender os familiares que aguardavam a liberação dos corpos, enquanto carros funerários fazem fila para tentar buscar os cadáveres.

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Nos três cemitérios municipais, a movimentação indica um cenário mais grave. Segundo a investigação da Defensoria Pública, o Serviço de Verificação de Óbito, acionado apenas em casos de mortes não violentas, foi chamado para recolher 65 corpos de prováveis vítimas da covid-19 apenas no domingo passado. Antes da pandemia, a média diária era de sete chamadas. Em cidades da região metropolitana, como Ananindeua, enterros não puderam ser feitos devido à falta de guia de sepultamento.

Com o aumento das mortes, um caminhão frigorífico, com mais de 50 corpos, estacionado em frente ao Instituto Médico Legal (IML) já funciona como uma extensão do prédio. Segundo o contrato publicado pela prefeitura, o aluguel do veículo, de 72 mil reais mensais, se estende até novembro de 2021.

“Existe muita subnotificação”, avalia Luana Pereira, defensora pública que também atua em Belém. “Estamos só no início da contaminação aqui na região e já estamos nessa situação”, lamenta.

Segundo informações, a ocupação dos leitos de enfermaria e UTIs chegou a 92% não só na rede pública, mas na privada também”. Caso um paciente grave precise de um respirador, não há equipamento disponível, pois todos estão em uso no momento.