Delegado da PF decepciona Bolsonaro: Adélio agiu sozinho na facada

O presidente Jair Bolsonaro teve de engolir seco o que lhe disse o delegado da PF Rodrigo Morais: o autor da facada, Adélio Bispo de Oliveira, agiu sozinho durante a campanha de 2018.

Responsável por investigar duas vezes o atentado, Morais foi recebido pelo presidente da República nesta sexta-feira (15) no Palácio do Planalto.

A versão do delegado da PF desmonta as insinuações de Bolsonaro e do advogado de sua família sobre a participação do PT no episódio da facada.

Na semana passada, o advogado Frederick Wassef disse no programa “Aqui na Band”, da TV Bandeirantes, que uma nova testemunha do caso Adélio Bispo o procurou e disse que o PT pagou para esfaquear Jair Bolsonaro.

Segundo a tese do advogado do clã presidencial, caso tivesse morrido Bolsonaro o principal beneficiário seria o então candidato Fernando Haddad e seu partido –o PT.

“Doutor, quem está por trás disso foi o PT, isto foi encomendado. Houve pagamento. Houve premeditação para assassinar Jair Messias Bolsonaro”, acusou Wassef ao citar a suposta testemunha.

Economia

Em nota divulgada na noite da última segunda-feira (11), a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR) e os líderes do partido no Congresso, deputado Enio Verri (PR) e senador Rogério Carvalho (SE) denunciam a nova farsa do bolsonarismo para desviar atenção do País e do mundo sobre os crimes do presidente da República.

Dito isso, o delegado da PF Rodrigo Morais jogou uma ducha de água fria na trama de Bolsonaro e, consequentemente, desmonta a politização de uma tragédia promovida por um lobo solitário. Tragédia porque o ataque a facadas ajudou a eleger Bolsonaro presidente, infelizmente. Desde então, o país sofre com a desgovernança.

O delegado foi levado ao presidente Bolsonaro pelo ministro da Justiça, André Mendonça, acompanhado do diretor-geral da Polícia Federal, Rolando de Souza, e do chefe do órgão de Minas Gerais, Cairo Duarte.

Também participaram o general Augusto Heleno (GSI) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência). Carlos Bolsonaro, o Carluxo, filho do presidente, passou alguns minutos no encontro.

Bolsonaro, além de decepcionado, ficou bastante magoado com a PF.

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Bolsonaro fará novo pronunciamento neste sábado pelo fim do isolamento social

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fará um novo pronunciamento oficial na noite deste sábado (16), em rede de rádio e televisão, com o objetivo de pregar a volta ao trabalho, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus que já matou mais de 15 mil pessoas no país.

Brasil tem 15.305 mortes confirmadas na manhã deste sábado, diz o Ministério da Saúde.

Durante uma videoconferência com empresários na quinta-feira (14), Bolsonaro confirmou que faria o pronunciamento no rádio e na TV.

Na avaliação do presidente da República, a mensagem oficial é necessária porque “nós temos que ter mais do que comercial de esperança, transmitir a confiança”.

Pelo Twitter, Bolsonaro disse que “o desemprego, a fome e a miséria será o futuro daqueles que apoiam a tirania do isolamento total.” A postagem da manhã de hoje indica que o presidente vai abrir fogo no pronunciamento contra prefeitos e governadores que defendem a quarentena com método para conter o vírus.

Jair Bolsonaro antecipou aos empresários que o texto do discurso foi elaborado em conjunto com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

“Pedi ao Paulo Guedes que já comece a revisar o que eu vou falar para gente dar mensagem logicamente objetiva, voltada para a vida, voltada para a economia, para nós sairmos da situação em que nos encontramos”, revelou Bolsonaro aos empresários.

Na reunião virtual, promovida pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, e que contou com a participação de cerca de 50 empresários, Bolsonaro apelou ao setor para “jogar pesado” contra os governadores que têm adotado medidas de isolamento social mais rígidas para tentar conter a proliferação da covid-19 no Brasil.

Bolsonaro chegou a equiparar o momento do país a uma “guerra” e reclamou que governantes estejam “tentando quebrar a economia, para atingir o governo”. Enfaticamente, o presidente pregou que “nós devemos buscar cada vez mais rápido abrir o mercado” e voltou a defender que vida e desemprego são assuntos “que deviam ser tratados da mesma forma, com a mesma responsabilidade”.

Estadão diz que Bolsonaro é ‘opção pela morte’ na pandemia de coronavírus

Não demora muito e as redes bolsonaristas irão acusar o Estadão de publicação “comunista”, a jugar pelo editorial deste sábado (16). O jornalão afirma que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez a ‘opção pela morte’ durante a pandemia de coronavírus no País.

‘Teich rejeita a opção pela morte’, diz a manchete do jornalão paulistano, ao especular que o ex-ministro pediu demissão do cargo de ministro da Saúde provavelmente em respeito a seu juramento profissional. ‘Assim como Luiz Henrique Mandetta.’

De acordo com o Estadão, Teich entregou o cargo ao recusar-se a obedecer às ordens do presidente Jair Bolsonaro que claramente causariam ainda mais danos à saúde da população brasileira, já bastante castigada pela pandemia de covid-19.

O editorial afirma que é impossível um médico permanecer ao lado de Bolsonaro sem renunciar ao juramento. “Pior, será um cúmplice de um empreendimento que, sem exagero, já pode ser chamado de social-darwinista – em que a morte por covid-19 é vista como uma forma de depuração da sociedade, pois só abate aqueles que não têm “histórico de atleta”.

O Estadão lançou suspeita sobre a obsessão de Bolsonaro pela cloroquina, remédio cuja eficácia contra o coronavírus está muito longe de ser comprovada e cujos perigosos efeitos colaterais são, ao contrário, bastante conhecidos.

Para o jornalão, Bolsonaro está mais parecido com Nicolás Maduro –da Venezuela– do que o americano Donald Trump: “os únicos chefes de Estado que defendem a cloroquina como elixir milagroso contra a covid-19.”

O presidente Jair Bolsonaro estaria pensando salvar a “própria pele” com a determinação do fim da quarentena, a despeito de a medida colocar em risco a saúde e a vida de milhões de brasileiros.

Citando o médico Antonio Carlos do Nascimento, “sem a opção do genocídio, só nos resta o isolamento e a testagem abrangente para limitar o universo de circulação do vírus”, o Estadão aponta que o presidente Bolsonaro já fez sua mórbida opção: a política da morte [necropolítica].