Estado de emergência sanitária será prolongado na França até 24 de julho

O governo francês decidiu neste sábado (2) prolongar por mais quase dois meses o estado de emergência sanitária na França. A medida excepcional para lutar contra a pandemia de coronavírus no país ficará em vigor até 24 de julho, anunciou o ministro francês da Saúde, Olivier Véran. Mas a pressão continua grande para que o governo esclareça as medidas que serão adotadas para o fim da quarentena, principalmente em relação à complexa reabertura das escolas e à polêmica sobre as venda de máscaras.

A vigência atual do estado de emergência, desde 24 de março, terminaria em 23 de maio, mas sua suspensão seria “prematura”, afirmam as autoridades francesas. “Os riscos de uma nova agravação da epidemia são reais se as medidas atuais forem interrompidas rapidamente”, indica o projeto de lei propondo sua prolongação.

LEIA TAMBÉM:
Bolsonaro gera aglomeração em posto de gasolina em Goiás

Apoiadores de Bolsonaro e Moro protestam em Curitiba

Vazam as perguntas que a PF irá fazer para Moro; confira

O texto será debatido a partir de segunda-feira (4) pelo Senado, antes de ser enviado à Assembleia. A votação final deve acontecer durante a próxima semana. Além de medidas já em vigor, como a limitação da circulação de pessoas, o novo projeto de lei traz detalhes sobre a quarentena e o isolamento que poderão ser impostos aos viajantes que “chegarem ao território” francês.

Economia

Desde 1° de março, o coronavírus matou 24.594 pessoas na França. Nas últimas 24 horas, foram 218 novos óbitos, mas a tensão nas UTIs continua diminuindo, com menos 141 pacientes internados nesta sexta-feira (1°), informou o diretor-geral da Saúde, Jérôme Salomon.

Medidas contestadas
Ainda há muita indefinição sobre as medidas para o fim gradual da quarentena a partir de 11 de maio. Por exemplo, o mapa que classifica as regiões francesas pelas cores vermelho, laranja e verde, em função da taxa de contaminação de cada uma e da superlotação dos hospitais, e que será usado para determinar o fim do isolamento, teve que ser corrigido uma primeira vez devido a erros de contagem. A imprecisão provocou muitas críticas de políticos em todo o país.

A reabertura das escolas é outro tema que preocupa. “A maioria dos estabelecimentos” do maternal e ensino básico voltará a funcionar a partir de 11 de maio, declarou o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, ao jornal Le Figaro deste sábado. Haverá no máximo 15 crianças por sala, detalhou o ministro, mas muitos prefeitos continuam inquietos com os riscos de contaminação.

A prefeita socialista de Nantes, Johanna Rolland, previne que será “impossível” que todas as crianças voltem às aulas daqui a dez dias e que a retomada do ano letivo será “progressiva”. Vários políticos de Seine-Saint-Denis, na região parisiense, também revelaram sua intenção de não reabrir os estabelecimentos escolares, preocupados com eventuais reponsabilidades penais em caso de infecções de crianças, professores e funcionários. Em Paris, a reabertura das escolas será reservada, pelo menos em um primeiro momento, a alunos “prioritários”, isto é, filhos de profissionais de serviços considerados essenciais ou crianças com dificuldades de aprendizado, indicou o secretário municipal de Educação.

Para receber os alunos, as escolas deverão respeitar um protocolo sanitário rígido. As linhas gerais deste plano foram divulgadas na quinta-feira (30): as crianças terão que lavar as mãos várias vezes por dia, os brinquedos estão proibidos, o material escolar terá que ser desinfetado, o sentido da circulação de pessoas nas salas e corredores será indicado no chão. São tantas imposições que, principalmente, os estabelecimentos pequenos consideram muito difícil aplicá-las.

Crise sanitária e econômica
Já se sabe que o uso de máscaras será obrigatório nos transportes públicos, mas a venda do produto é outra fonte de tensão. A dez dias do fim da quarentena, o governo decidiu tabelar o preço das máscaras cirúrgicas a € 0,95 cada. Mas as proteções alternativas em tecido não tiveram o preço enquadrado devido a variedade de modelos e proveniência.

A crise sanitária continua a aprofundar a crise econômica. Último dado que indica a gravidade da situação é o prejuízo registrado pela Rede Ferroviária Francesa (SNCF). O presidente da empresa estatal, Jean-Pierre Farandou, informou hoje perdas de € 2 bilhões e disse que estuda um plano de corte de pessoal. As dificuldades econômicas do país pesam a favor do fim da quarentena, embora os profissionais de saúde temam a possibilidade de uma “segunda onda” da epidemia.

Por RFI