O ex-presidente Lula afirmou na noite desta quarta (6), durante uma transmissão online, que pensa ser necessário radicalizar para fazer funcionar a democracia no Brasil.
O petista disse que foi “republicano demais” e que é preciso “radicalizar pela democracia”. “Acho que minha autocrítica é que fui republicano demais”, declarou.
O ex-presidente Lula participa de um debate de lançamento do Observatório da Crise do Coronavírus. O evento online conta ainda com a participação do ex-ministro Aloysio Mercandante e as jornalistas Helena Chargas e Tereza Cruvinel.
“O discurso daquela empresária com os enfermeiros em Brasília… Aquilo é fascismo”, analisou Lula, ao defender uma maior radicalização pela democracia.
O ex-presidente Lula fez outras declarações acerca do momento atual no Brasil. Confira:
“Elegemos uma pessoa que tem desprezo pelas relações humanas. O Bolsonaro não tem condições de gerir a pandemia porque ele não acredita nela. Ele acha que o Brasil está imune, enquanto o país pode se tornar o epicentro do coronavírus. Hoje já são mais 614 mortos.”
“Enquanto isso, o país fica discutindo as asneiras que o Bolsonaro inventa todo fim de semana. E o Moro continua mentindo. Ficou horas trancado na Polícia Federal mentindo, porque ele sabe que se falar a verdade ele vai se incriminar.”
“Outro dia eu estava falando com o Eduardo Suplicy. Depois dessa crise, nós vamos ter que criar definitivamente uma renda básica. Quem pode fazer isso é o Estado. Como? Arrecadando mais. De quem tem dinheiro. É hora de distribuir a riqueza.”
“A votação de hoje é resultado da conexão Curitiba… Não esperava outra coisa. Eles vão ser desmascarados. Eu espero estar vivo pra assistir. Eu sou de uma terra em que a gente gosta de brigar muito.”
“Não sei quem mente mais o Bolsonaro ou o Moro. O Moro não tem caráter. Até hoje não provou as acusações que me fez. A montanha pariu um camundongo. Ele gerou expectativa na população sobre o Bolsonaro e não falou nada. Sabia que estaria prevaricando. Um dia a casa vai cair.”
“Ah, mas o Lula tá mais radical… Eu não tô. Eu tô é mais consciente. E não vou deixar mais ninguém pisar em cima da gente.”
“Eu tô nessa do Fora Bolsonaro. Ele não tá qualificado como ser humano pra presidir um país.”
Eu penso que nós vamos ter que radicalizar um pouco mais pra fazer a democracia funcionar. Acho que minha autocrítica é que fui republicano demais. O discurso daquela empresária com os enfermeiros em Brasília… Aquilo é fascismo.
— Lula (@LulaOficial) May 6, 2020
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PSOL denuncia governo Bolsonaro à PGR e à ONU por nova apologia à ditadura
A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados enviou uma representação á Procuradoria-Geral da República nesta quarta-feira (6) para solicitar a abertura de um inquérito criminal contra o presidente Jair Bolsonaro por causa de suas repetidas ações de apologia à ditadura militar no Brasil e incitação ao crime. Além da ação na PGR, o grupo levará o caso à Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos e fará denúncias aos relatores da ONU.
A representação também é dirigida contra Fabio Wajngarten, Secretário Especial de Comunicação Social da Secretaria Geral da Presidência da República (Secom), e Luiz Eduardo Ramos Baptista, Ministro-Chefe da Secretaria de Governo.
Um dos motivos da iniciativa foi a decisão de Bolsonaro de receber, no dia 4 de maio, no seu gabinete no Palácio do Planalto, o militar da reserva do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura, um dos chefes da repressão à Guerrilha do Araguaia, nos anos 70, durante a ditadura militar.
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) ainda usou sua conta oficial no Twitter e no Instagram para realizar homenagem ao militar, que já confessou ter sido responsável pela execução de 41 pessoas na Guerrilha do Araguaia. O órgão ainda chamou o assassino confesso de “herói”.
O texto ainda cita incidentes envolvendo Eduardo Bolsonaro (Deputado federal e filho do presidente), Otávio Rêgo Barros (Porta-voz da Presidência), General Augusto Heleno (Ministro do GSI), Hamilton Mourão (Vice-presidente) e Fernando Azevedo e Silva (Ministro da Defesa).
“A divulgação de mensagens de natureza eminentemente antidemocráticas, remetendo a um dos períodos mais tristes da história brasileira, por parte da página oficial da Secom nas redes sociais, causam espanto e reação de diversos setores da sociedade, tendo em vista sua contrariedade à Constituição, aos fatos históricos e aos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, em especial aqueles relacionados ao exercício dos direitos políticos e respeito à democracia”, afirmam os parlamentares do PSOL na ação.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.