Lula, o “William Bonner” do PT

A pandemia do coronavírus popularizou as lives (transmissões online) ao ponto de uma amiga dizer que tem medo de abrir a geladeira e se deparar com uma live. Exagero à parte, o PT se apropriou desse recurso tecnológico e fez do ex-presidente Lula seu “William Bonner” de todos os dias nas redes sociais.

A “tvPT” é um canal que o Partido dos Trabalhadores lançou durante a quarentena para discutir o “Fora Bolsonaro”, o avanço da Covid-19, ausência de políticas públicas no governo federal, os quatro anos de golpe que derrubou Dilma Rousseff, violência contra a mulher, etc.

No começo de abril, o Blog do Esmael anotou com precisão no Facebook: “O William Bonner que se cuide. Lula virou entrevistador em live sobre #coronavirus.” Bingo!

A reestruturação no mundo do trabalhado, acelerada pela pandemia, também atingirá os meios de comunicação e a maneira de se produzir notícias. As lives estão aí para comprovar essa nova virada. Elas estão sendo o que foram as demais redes sociais de compartilhamento em um passado recente, porém com um impacto negativo na empregabilidade dos profissionais da imprensa.

Lula pode estar desempregando William Bonner no médio prazo, haja vista que a televisão tal qual nós a conhecemos hoje tem um tempo de vida calculado em, no máximo, 10 anos. Assim como os jornais, que tiveram um cronograma prevendo seu desaparecimento off-line (impresso).

Economia

Dito isso, o ex-presidente é quem lidera a maioria das entrevistas realizadas pelo canal do partido –a tvPT.

Nesta quarta-feira, 13 de maio, por exemplo, Lula será o “âncora” na discussão sobre “violência contra a mulher em tempos de pandemia”. A transmissão online, às 18 horas, terá a participação das deputadas federais petistas Gleisi Hoffmann (PR), Benedita da Silva (RJ), Maria do Rosário (RS) e Rejane Dias (PI).

O leitor poderá logo mais acompanhar o debate ao vivo aqui pelo Blog do Esmael.

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Bolsonaro no bico do corvo

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), apesar de um terço de aprovação nas pesquisas, hoje, vai mal, muito mal. Ele está no bico do corvo, prestes a ser devorado, como se explica abaixo.

Conversando com conhecido CEO de instituto de pesquisa, esta semana, chegamos à conclusão de que Bolsonaro palmilha os mesmos passos da presidenta Dilma Rousseff (PT) rumo ao impeachment.

Quem não se lembra da estratosférica aprovação da petista nas vésperas de 2013 e, por um triz, a reeleição de 2014?

O jogo da velha mídia é descer o porrete em Bolsonaro, desconstruir sua frágil imagem, para derrubá-lo na sequência.

Note o caríssimo leitor que os atores que querem Bolsonaro fora do poder não discutem o ‘projeto de nação’, que desejam diferente. Pelo contrário. Eles querem “mudar” para deixar tudo “igual”, portanto, uma mudança leopardiana: “Algo deve mudar para que tudo continue como está.”

A Globo e Folha, por exemplo, tentam construir uma rejeição contra a figura do presidente da República, não contra o que ele representa: neoliberalismo, fome, privilégio para banqueiros, concentração de renda, desemprego, recessão, mortes pela Covid-19, enfim, é o “Diabo” na terra com sua necropolítica.

Na prática, os jornalões e a emissora dos Marinho, com a anuência de setores de esquerda, aspiram tirar Bolsonaro para deixar tudo como exatamente está. Mudaria Bolsonaro, mas a economia ficaria intacta.

Após conversão com o CEO do instituto de pesquisas, chegamos à conclusão de que Bolsonaro está no bico do corvo. Qualquer “gripezinha” mais forte poderá derrubá-lo do Palácio do Planalto, mas, por falta de projeto, tudo tende continuar como está…

Quanto aos debates que dominam o noticiário político da velha mídia, com repercussões até aqui nesta página, trata-se de um falso debate, uma distração. Desde quando o gasto do cartão de crédito corporativo, a demissão do ministro Sérgio Moro e a nomeação do diretor-geral da Polícia Federal são mais importantes para a Nação?

Enquanto o Brasil é distraído pelo falso debate, o Congresso Nacional, com apoio da velha mídia, liquida o patrimônio público com novas privatizações; o “Orçamento de Guerra” [contra o povo] promulgada na semana passada; os parlamentares aprovam mais privilégios para banqueiros e especuladores; etc.; enfim, o ministro Paulo Guedes governa de fato.

A proposta da mídia corporativa e dos banqueiros é a seguinte: Bolsonaro sai, mas Paulo Guedes fica no próximo governo.