Enem do Covid teve abstenção de 51,5%, segundo o MEC

O Ministério da Educação (MEC) afirma que o índice de abstenção no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi de 51,5%, um recorde.

A prova deste domingo (17) foi realizada em meio à pandemia de Covid-19.

Segundo o ministro Milton Ribeiro, esse maior índice registrado até então havia sido em 2009, quando o Enem passou a ser usado como porta de entrada para as universidades.

Em 2019, a abstenção foi de 23%.

“Este ano tivemos um número de abstenção maior. Parte pela dureza e pelo medo da contaminação. E parte também um trabalho de mídia contrário ao Enem muito grande, até injusta. Não foi o mesmo trabalho de mídia contra o exame da Fuvest em São Paulo”, disse o ministro.

O MEC divulgou que 2.842.332 alunos não compareceram ao exame, enquanto 2.680.697 foram fazer a prova, apesar da pandemia.

Economia

O ministro da Educação disse que foi uma edição vitoriosa, realizada para “não atrasar mais a vida de milhões de estudantes”.

Neste domingo, ocorreu a primeira parte da prova. Ela continuará no próximo domingo.

Tema da redação seguiu linha adotada em edições anteriores do Enem

Professores elogiaram o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 e dizem que a escolha manteve a linha adotada pela prova ao longo dos anos, abordando questões sociais. O tema desta edição é O Estigma Associado às Doenças Mentais na Sociedade Brasileira.

Para a professora de língua portuguesa e produção textual do Colégio Mopi, do Rio de Janeiro, Tatiana Nunes Camara, trata-se de um tema necessário para o momento que estamos vivendo. “Eu achei uma escolha delicada, porque vai exigir do candidato uma recepção muito profunda e muito consciente da realidade e traz ã tona aquela eterna questão que é questão da empatia. Fala-se tanto em empatia e solidariedade, mas hoje no Brasil é uma coisa que se pratica e se vê pouco. Acho que é uma espetada na sociedade, uma espetada necessária”, diz.

Segundo a professora, para tirar uma boa nota, o estudante precisará ter um bom repertório. “Vai exigir do aluno um nível de repertório muito alto, senão ele vai ficar em um nível muito clichê [ao falar de preconceitos] e isso nunca é bom em provas como esta”, diz. De acordo com Tatiana, por conta da pandemia, candidatos podem sair prejudicados. “Como a gente viveu um 2020 extremamente desigual, com alunos com acesso a aula online e outros não, pode ser que tenha grupo bastante relevante de alunos que tenha dificuldade na redação sim”.

De acordo com o professor de produção textual e coordenador do cursinho UniFavela, Laerte Breno, o tema seguiu a linha de edições anteriores da prova. “Diferente do tema do ano passado que surpreendeu todo mundo, esse ano, achei justo”, diz. O tema da redação do Enem 2019 foi Democratização do acesso ao cinema no Brasil.

O professor conta que inclusive trabalhou o tema com os alunos. “A gente conseguiu acertar o tema. A gente trabalhou bastante a saúde mental, não só a depressão, mas a loucura, insanidade, a ideia de manicômio. A gente levou alguns repertórios para os estudantes”.

Breno acrescenta que, por outro lado, “é um tema meio irônico, por estarmos em meio a pandemia” e muitos estudantes estarem eles mesmos lidando com doenças mentais. Ele esteve hoje (17) em locais de prova para levar lanches e dar apoio aos alunos do cursinho, que é voltado para moradores do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Segundo o professor, eles estavam nervosos e com baixa autoestima. “É injusto estar fazendo uma prova escolhendo entre ter cuidado com a vida ou com o seu futuro”.

O professor e fundador do Laboratório de Redação, de São Paulo, Adriano Chan, alerta que os estudantes precisam tomar alguns cuidados para não perder pontos na redação. Um deles é não focar apenas nas doenças em si, mas abordar, como o tema sugere, a estigmatização delas na sociedade. “O estudante não pode trabalhar apenas com a questão da saúde, de depressão, de covid-19, como é algo que deve acontecer muito. Deve falar do preconceito e da forma como a sociedade lida com a doença, precisa falar do estigma das doenças mentais e não apenas delas”, diz.

Outra dica é estar atento aos textos de apoio. Pelas regras da redação, eles não podem ser copiados, mas o conteúdo que trazer poderá servir de apoio para a elaboração de um texto próprio.

“Achei o tema genial. O Enem sempre vai evitar trabalhar com temas que sejam esperados. Sempre vai tentar trazer uma coisa nova, até porque é uma preocupação, senão, dá a sensação que alguém já sabia do tema. É um tema específico, mas é de fácil manuseio pelos alunos”, diz, Chan.

Enem: candidatos com covid devem enviar laudo entre os dias 25 e 29

Candidatos inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 que apresentaram sintomas de covid-19 ou outra doença infectocontagiosa deverão solicitar a participação na reaplicação do exame entre os dias 25 e 29 de janeiro, na Página do Participante, conforme anunciou hoje (17), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

A orientação é que esses participantes não compareçam aos locais de prova. O Enem começou a ser aplicado neste domingo (17) e segue no próximo domingo (24).

O Inep informou que recebeu os primeiros pedidos e comprovantes da condição entre 11 e 16 de janeiro. Hoje, no entanto, às 12h, no horário de Brasília, o sistema foi fechado para que os pedidos fossem avaliados e os participantes recebessem a resposta antes da aplicação.

O sistema será novamente aberto entre 25 e 29 de fevereiro. Nessas datas, os participantes que apresentaram sintomas após o dia 16 poderão apresentar exames e laudos médicos que comprovem a condição na Página do Participante. Os inscritos que tiverem a solicitação aprovada farão as provas nos dias 23 e 24 de fevereiro. A aprovação ou a reprovação da solicitação deverá ser consultada, também, na Página do Participante.

Além da covid-19, podem solicitar a reaplicação, participantes com coqueluche, difteria, doença invasiva por Haemophilus influenza, doença meningocócica e outras meningites, varíola, Influenza humana A e B, poliomielite por poliovírus selvagem, sarampo, rubéola, varicela.

Segundo o Inep, para a análise da possibilidade de reaplicação, a pessoa deverá inserir, obrigatoriamente, no momento da solicitação, documento legível que comprove a doença. Na documentação, deve constar o nome completo do participante, o diagnóstico com a descrição da condição, o código correspondente à Classificação Internacional de Doença (CID 10), além da assinatura e da identificação do profissional competente, com o respectivo registro do Conselho Regional de Medicina (CRM), do Ministério da Saúde (RMS) ou de órgão competente, assim como a data do atendimento. O documento deve ser anexado em formato PDF, PNG ou JPG, no tamanho máximo de 2 MB.